quinta-feira, 7 de maio de 2020

Música - Arte de unir os sons e os artistas

Com a pandemia do Covid-19 que assola o mundo, no Brasil, os oportunistas de plantão criaram uma verdadeira “pandemia” de ataques aos direitos dos autores, sem medir as consequências de seus atos na vida de milhares de compositores e intérpretes. A ignorância e a insensibilidade, aliadas aos interesses corporativos e alicerçadas por políticos inescrupulosos, sempre foram um “espinho” na vida dos criadores. Infelizmente, dessa vez, o golpe foi muito baixo, à altura de quem o desferiu.

O deputado federal Felipe Carreras, conhecido promotor de grandes eventos, estruturalmente orientado e amparado pela ABRAPE (Associação Brasileira de Promotores de Eventos), em pleno poder de sua mediocridade, tenta apunhalar pelas costas aqueles que alimentam os seus negócios, atacando a classe artística em um momento de fragilidade mundial. Covardemente inserindo em uma Medida Provisória emergencial (MP 948 que trata das questões do Corona Vírus), uma emenda que prejudicaria diretamente os autores, mudando critérios de cobrança e isentando completamente a responsabilidade dos promotores de eventos. Pior ainda, atribuindo condições desfavoráveis aos intérpretes, que seriam responsabilizados pelo pagamento de direitos autorais de todos os seus shows e concertos, afetando diretamente o valor de seus cachês. 

O que não imaginavam é que a classe é unida e respeita muito aqueles que estão em suas casas criando conteúdos e que, raramente, aparecem. Não fazem shows e, além de viver em quase anonimato, dependem de seus direitos autorais para o sustento de suas famílias. Direitos consagrados na Constituição Brasileira e em todos os Tratados e Convenções Internacionais. Ignorantes que são, desprezam o alicerce de tudo que acontece em seus eventos: a criação. Desconhecem o básico da produção artística. O direito do criador de receber pelo uso de sua obra. 

O que vimos, além de deprimente, foi uma jogada de hienas, no sentido negativo da palavra, segundo descrição de Aristóteles: “grande apreciadora de carne em putrefação”. Mas a reação foi imediata. Os artistas são unidos. A coletividade e o respeito mútuo da classe transcende conceitos de fama, estilo, gênero... Reagiram em benefício de todos. Nomes de projeção nacional e internacional, nomes emergentes e artistas de nichos, gritaram em coro pelos seus direitos. Uma verdadeira prova de que a lei é soberana e que os frutos advindos da exploração de nosso trabalho depende do voo que conseguimos alçar. Em momento oportuno tivemos como representante em “live” que entra para a história, a cantora Annita. Com conhecimento e paixão pela causa, foi uma das principais figuras no processo, ao dialogar frente a frente com o representante dos oportunistas: o deputado Felipe Carreras. Seus argumentos de transparência submergiram em sua própria opacidade. Com esse impulso todos os artistas brasileiros ganharam voz e cumpriram seu papel social ao defender a classe e maldizer a petulância e falta de humanidade do deputado, em momento de muita fragilidade de toda a sociedade.

Ele recuou. A emenda foi retirada da MP. Por enquanto. As hienas se afastam, mas voltam. É um instinto. Mas estamos fortalecidos enquanto classe e vamos seguir zelando por aquilo que buscamos, conquistamos e que jamais entregaremos aos oportunistas: o amor, dedicação e zelo pelo que fazemos. A seriedade com que tratamos quem nos acompanha na arte. Somos sensíveis por lidar, às vezes, com uma nota musical que nos incomoda. Por isso, temos uma percepção desenvolvida da importância de cuidarmos uns dos outros. Nos detalhes, respeito e preservação da dignidade e honestidade, onde convivem todos os conceitos do que há de mais sagrado na vida. Que todos fiquem bem e sempre atentos. Seguimos juntos!!