Com minha mãe, um misto de sabedoria, delicadeza e força, eu consigo falar de coisas sérias, brincando. Sempre que não quer discutir, por considerar o tema desnecessário ou infundado, ela simplesmente responde: “Entendi”. Isso quer dizer ponto final.
Minha doce e linda mulher, dona de um silêncio perturbador quando em desacordo com minhas ideias, me mostra o resplendor de “todas as manhãs do mundo”, com seus olhos negros que despertam, em mim, os dias que eu não vivi. Que talvez tenha vislumbrado.
“Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer”*
Nesse “Dia Internacional da Mulher”, penso no quanto minha vida foi envolvida e conduzida por mulheres que me ensinaram tanto. Minha irmã, cunhadas, sobrinhas, amigas... Todo o significado que permeia esse dia, marcado por muitos eventos mundiais que levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a reconhecer a importância dessa data, me leva a crer que um dia poderemos nos redimir das ridículas atrocidades cometidas ao longo de nossa história e no tempo presente, contra as mulheres desse vasto mundo. Quando a data deixará de ser um lembrete às nossas falhas e um alento à hipocrisia daqueles que não agem em acordo com suas palavras.
Enquanto esperamos por isso, contra qualquer argumento preconceituoso, desnecessário ou infundado, só tenho uma forma de me expressar: “Entendi”.
Que o dia, o mês e os anos sejam de eterna gratidão e respeito… Igualdade!
*O poeta come amendoim - Mário de Andrade
