quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

O galo ganhou!!

Uma chuvinha fria me molhando os cabelos e me lembrando da infância destemida, no embate com os acontecimentos desnaturados. Quando a condição que o menino impunha naqueles quintais (em minha cabeça, florestas), era chamada de “necessidade de crescer e tomar juízo”… Não gosto muito dos dias atuais. São previsíveis. Quando nos levam à improvisação, nos forçam à presunção de estarmos fazendo algo excepcional. Com isso, corremos o risco de nos tornar um avatar, como diríamos em informática.

Agora, nessa chuvinha, caminhando por uma “floresta” que, hoje, chamo de quintal, tento decifrar os sons dos bichos e da natureza, associando-os à nossa fala. (Não é coisa de maluco não. Apenas loucura divertida e controlada). 

Sobre uma base orquestral formada pelo vento, grilos e pássaros, ouço, repentinamente, um galo, provavelmente idoso, provocador, dizendo com sua voz rouca, porém forte: 

-        O galo ganhou! - Um garnizé retruca:

-        Eu tô sofrendo!!

Após a segunda provocação, escuto a intervenção de um familiar do garnizé que diz em alto e bom som:

-        Sacana!!!

E a discussão continua enquanto busco outras palavras de meu vocabulário nessa “viagem” idiomática, nesse vasto mundo que nos rodeia e que, depois de “tomar muito juízo”, levei muitos anos para reaprender. 

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