Sobre amigos e quintais
O limite territorial era pequeno. Embora fosse de um quarteirão a outro, podia-se avistar com facilidade o eventual trânsito de automóveis na rua de baixo, quando se escalava um pequeno muro que separava o jardim, da chamada rua do meio. Existiam apenas três ruas, conhecidas como a de cima, a do meio e a de baixo. Meu universo se restringia àquele quintal oculto por uma casa velha situada na rua do meio, que tinha à sua direita lindas flores que cresciam a esmo num jardim forjado pelas mãos da natureza sem nenhuma interferência humana. Ali, pelas mãos do criador, segundo critérios naturais, nasciam e morriam flores do campo, marias-sem-vergonha, rosas, margaridas, antúrios e um desavisado canteiro de cebolinha verde que brotava e, num curto espaço de tempo, sucumbia à força de imensas samambaias e ervas daninhas. Naquele tempo, eu, aventureiro, desbravava uma grande floresta com seus perigos, levando no peito aberto um sentimento talvez experimentado apenas pelos primeiros bandeira