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Música - Arte de unir os sons e os artistas

Com a pandemia do Covid-19 que assola o mundo, no Brasil, os oportunistas de plantão criaram uma verdadeira “pandemia” de ataques aos direitos dos autores, sem medir as consequências de seus atos na vida de milhares de compositores e intérpretes. A ignorância e a insensibilidade, aliadas aos interesses corporativos e alicerçadas por políticos inescrupulosos, sempre foram um “espinho” na vida dos criadores. Infelizmente, dessa vez, o golpe foi muito baixo, à altura de quem o desferiu. O deputado federal Felipe Carreras, conhecido promotor de grandes eventos, estruturalmente orientado e amparado pela ABRAPE (Associação Brasileira de Promotores de Eventos), em pleno poder de sua mediocridade, tenta apunhalar pelas costas aqueles que alimentam os seus negócios, atacando a classe artística em um momento de fragilidade mundial. Covardemente inserindo em uma Medida Provisória emergencial (MP 948 que trata das questões do Corona Vírus), uma emenda que prejudicaria diretamente os autores,

Falsos profetas

Nesses tempos estranhos estamos muito expostos às tentativas de manipulação de vários poderes. Os instrumentos utilizados, muitas vezes são as religiões, às vezes por via política, guias espirituais, médiuns... Não acredito em representantes de religiões que se autodenominam iluminados, privilegiados pelo espírito e conhecedores do além. O tempo em vida, ou a morte, se encarregará de nos conduzir à verdade. Nosso coração saberá o que fazer. Nosso talento é viver. O caminho é solitário porque é na compreensão de nós mesmos, de nosso egocentrismo em defesa da imposição de ideias e de vitórias, que poderemos derrotar o nosso orgulho e vaidade. Contribuindo assim para que o mundo seja um pouco melhor, a partir de nós mesmos. Sem acontecimentos fantásticos e influências de outras dimensões. Como ser bom e pensar no bem, sem ser a partir de nossa verdadeira essência? Grupos que coincidem em ideias que não sejam a unidade dos seres pela ética, boa vontade e a convivência em harmonia, s

Música - Uma trajetória latino-americana

Brasil e Uruguai A miscigenação de raças, com seus variados elementos culturais e artísticos, proveniente da Europa e da África, aliados à cultura indígena, são fatores muito importantes para a observação e estudo da cultura artística, principalmente musical, na América Latina. Cada país com sua particularidade, tem, em sua música regional, uma identidade própria que dá suporte para os avanços de novos expoentes. Que surgem com propostas avançadas e ideias inovadoras, tendo como base a essência de sua cultura, fruto de uma evolução natural. Mesmo com todos os avanços dos últimos anos, no campo da tecnologia, quando se esperava um entendimento mundial e melhoria de vida para os cidadãos do mundo, somos forçados a admitir que muito se ganhou com o encurtamento das distâncias, pela facilidade de acesso e disponibilidade de informações, mas que também, em alguns aspectos, muito se perdeu. Entre o Brasil e o Uruguai, por exemplo, houve um período de grande identificação, talve

Papai Noel

Na infância eu tinha muita pena do Papai Noel. Nas noites quentes de dezembro, eu ficava muito preocupado pensando em um velhinho tão bom, viajando a noite toda, com aquela roupa quente de lã e usando luvas grossas. Além do peso que carregava, claro. Pensava no calor insuportável que ele sentia.  Um dia, resolvi que eu seria Papai Noel. Comprei roupa vermelha, barba comprida e branca, e tudo necessário para ser um perfeito “velhinho do bem” na noite de Natal. Meu filho, ainda novinho, me perguntava muito sobre ele... Disse-lhe que normalmente ele aparecia por volta da meia noite. Ele, muito ansioso, foi para a cama, mas, para minha surpresa e satisfação, se manteve em estado de alerta. O Papai Noel, envolvido com seu trabalho, foi surpreendido, na sala, próximo à árvore de Natal.  Surpreso, eu ví brilhar os seus olhos de criança que olhavam atentamente o bom velhinho. Aos poucos, sua atitude de encanto, foi mudando e assumindo uma postura observadora. Com grande decepção, toc

O riso de escárnio das hienas

Lembro-me da primeira vez em que vi, na porta de um teatro, um cartaz anunciando meu show. Aquela simples exposição me fez sentir que eu era um personagem na cena musical de Belo Horizonte. Jovem, imaturo e idealista, pensava na possibilidade da projeção de um trabalho tecido no sonho e no dia a dia dos estudos. Com o passar dos anos veio a consciência empresarial, necessária, de uma profissão chamada de “sagrada”, porém massacrada pelo conservadorismo piegas das mentes “cuidadosamente incultas” - ou explícitas - que conduzem a política no Brasil. Atualmente, projeção da maledicência e obscurantismo de governantes, onde os dogmas prevalecem à dignidade do bem viver e aos direitos dos cidadãos, equilibrados com os deveres. Uma falsa virtude muito apreciada nos tempos atuais, que disfarça e deixa transbordar as garras bestiais da Fera (ódio, rancor, preconceito, indiferença), mutilando e condenando a Bela (natureza, respeito, solidariedade, diferenças de credos... O Planeta). Con

O vermelho da vida

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Lá fora, um frio abaixo de zero... Por detrás de um vidro, com um olhar a sessenta por hora, observo um coração aquecido pela urgência dos dias. O pulsar da vida ritmado no caminhar que renasce todas as manhãs. Que nos obriga a recomeçar algo que não concluímos. Passos tranquilos e elegantes, revelando a dignidade, resignação e solidão do ser. Mãos que se esfregam no frio de um coração que pulsa. Que se mistura com as cores do dia, com os poderes que invadem a vida e o caminho... O sonho. Consumindo sua presença no vermelho que inunda o sangue do viver. Inundando e sangrando todo o seu ser. Sua vida. E o tempo passando... Uma bela, mística e sonolenta manhã em La Paz...

Sobre a morte...

Todos aqueles que vivem em Belo Horizonte e já andaram pelas imediações da Avenida Silva Lobo, até a Via Expressa, já viram um rapaz, provavelmente jovem, sem pernas e muito sujo, utilizando como meio de transporte um Skate. Próximo a algum sinal de trânsito, ele segue na lida do dia a dia. Sempre o observei. Inicialmente com pena, mas, com o tempo, com certa admiração. Às vezes penso nas políticas públicas e sociais, nas pessoas sem moradia, sem alimento, sem educação, saúde… Na hipocrisia religiosa e pseudo-solidariedade implantada na mente das pessoas conduzidas pelo espelho da vaidade e do poder. Da incompreenção das necessidades básicas do ser humano, símbolo de um mundo fracassado. Da ilusão implantada em nossa mente, de vivermos tempos modernos, onde nos comunicamos com o mundo todo, a qualquer momento, favorecendo assim, nossos dias. Stop, please… Para que me serve essa comunicação se o que predomina são asneiras nas redes sociais e nos órgãos de imprensa? Se o pecar por

Insanidade

Próximo ao dia do compositor, comecei a formular e ponderar sobre o sentido da cultura em nossa vida. De forma ampla… Preguiçoso e enfastiado que ando, com tanto lixo invadindo nossa casa e nossa vida, revisei o quadro cultural brasileiro. Que tristeza. Museus incendiados e condenados ao esquecimento, classe artística desprezada, setores culturais conduzidos sem criatividade por políticos de carreira, inabilitados, sentados à mesa de decisões de secretarias... Tudo isso cedendo lugar, na mentalidade do povo, por meio da mídia, a golpes de faca e bate bocas de pseudos conhecedores da problemática da vida. Do respeito… Ironicamente, sorri e imaginei: como consegui dedicar toda minha vida ao estudo da música, composição, violão, ler livros, estudar cinema e canalizar tudo isso para o relacionamento com as pessoas e o entendimento da natureza humana?... Que loucura. Aprofundar em temas como esse, dá muito trabalho e, quase sempre, nos leva ao conceito de que alguns questionamentos s

Primeiro baile

Quis dizer-lhe algo sobre minha fragilidade. Sobre não saber para onde o mundo caminha. Sobre meus medos e inseguranças. Não consegui… O mundo é dirigido por nós mesmos em cadeias desordenadas, em direções variadas. Cada um buscando o que quer e dirigindo o andar dos dias como deseja. Na madrugada, quando quase todos dormem, almas se redimem de suas dúvidas e pecados. A manhã é ansiosa. O dia tem que nascer. Ele me olha e diz que sua vida não seria a mesma sem minha presença. Eu, contendo as lágrimas, em silêncio sufocado, penso: Meu Deus, como pode a minha insegurança ser tão desafiadora e poderosa? Ele, olhando-me fixamente, sem responder, me diz no mais fundo de meu pensamento: Como pode a segurança se envolver em águas tão inseguras… E a noite invade a madrugada e avança para a manhã. É o primeiro baile…

Numa noite em Lisboa - Trindade

Os pés cansados. O rosto vívido... O entusiasmo regando e cultivando o espírito.  Purificando o pensamento. O caminhar. A descoberta de uma cidade com subidas, descidas... Ruas movimentadas e perigo nas esquinas. Passos registrando rotas e olhares fotografando a vida das ruas de tristeza e frio. O desejo de ser mais do que eu era... O Tejo me dizendo que a vida é um eterno ir e vir de histórias contadas com o passar de suas águas. O fado tentando me convencer do peso dessa caminhada, com a suavidade envolvendo seu sofrimento. Vozes que clamam em uma noite de Alfama. Luzes que cintilam no contar de outros tempos. Ruas e becos cansados, ofegantes. Intermináveis degraus... Um bonde voltando ao passado, no frio olhar da fumaça de um hálito quente. Guitarras no despertar da noite. Do alto, tão bela música olhando o silêncio do Tejo, que viaja a dormir. Lábios se unindo no calor das mãos que se entrelaçam. No olhar de pálpebras cerradas, o perfume e o sussurrar do pensamento.  O Tej